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Maria Bueno: feminicídio e negação da igreja católica

Maria da Conceição Bueno, filha mais nova de 7 irmãs, nasceu em Rio da Prata, lugar próximo a Morretes e mais conhecido como Biquinha da Prata devido as águas cristalinas do rio. na véspera de seu nascimento sua mãe sonhou que viu uma santa entrar em seu quarto e dizer: “Júlia, não temas. eu sou a mãe de Jesus. venho avisar-te que vais dar à luz a uma menina, e que está reservada a ela uma grande missão sobre a terra. será uma alma milagrosa, que há de fazer muitos benefícios, aos seus semelhantes. tenha fé e confiança”. dizem que seu pai, Pedro Bueno, era alcoólatra e tentou matá-la quando criança, mas um milagre interrompeu sua ação e depois disso parou de beber e passou a amar a menina. um tempo depois Pedro se alistou como voluntário e morreu na guerra do Paraguai.

a família mudou pra Campo Largo onde sua mãe veio a falecer. sua irmã Maria Rosa começou a maltratá-la. com ajuda de alguns padres ela se mudou pra pequena Curitiba da época.

jovem e bonita, adorava dançar e era frequentadora dos bailes da cidade. num desses bailes conheceu um jovem do exército com quem começou a namorar. Inácio Diniz logo insistiu em morar junto com Maria Bueno.

numa noite em que Diniz ficaria de serviço no quartel, o casal brigou feio. Maria queria ir ao baile e Diniz, tomado pelos sentimentos de ciúmes e possessividade, quis proibi-la de ir sozinha. ela foi ao baile dançar e Diniz, furioso, ficou escondido nos matos da Rua Campos Gerais (hoje Rua Vicente Machado) no caminha que Maria passaria pra voltar pra casa.

na madrugada do dia 29 de janeiro de 1893, Diniz degolou Maria Bueno. o crime abalou a cidade. preso, foi a juri popular. figuras proeminentes da ainda fria Curitiba absolveram Diniz por unanimidade.

apesar da decisão absurda do juri popular, Diniz não sobreviveu tanto tempo. foi fuzilado pelo exército durante a Revolução Federalista de 1894.

no local onde Maria Bueno morreu foi colocada uma cruz de madeira. foi lá onde nasceu a rosa vermelha e o mito que ronda a história da santa que é negada pela igreja católica por gostar de dançar nos bailes de Curitiba.

o caso da rosa vermelha é o primeiro milagre atribuído a santa por seus devotos. populares dizem que numa noite ladrões tentaram levar a caixinha que seus fiéis depositavam dinheiro causando um incêndio que foi apagado pelo espírito de Bueno.

Segundo populares, havia ali uma caixinha para que fieis depositassem dinheiro para a construção de um local maior para abrigar os romeiros de Bueno e que em uma noite, ladrões tentaram levar a mesma, começando um incêndio que de acordo com os relatos, foi apagado pelo espirito de Maria Bueno. uma vela que permaneceu acesa por mais de 20 dias e até cura de graves enfermidades são atribuídas a ela.

sua sepultura está localizada no Cemitério Municipal São Francisco em Curitiba onde recebe milhares de devotos no dia 2 de novembro e também muitas vezes ao ano. o moço (da foto) com quem conversei disse ter sido atendido em várias preces e que vai ao cemitério visitar seu altar três vezes por ano, mas evita o dia de finados por ter milhares de visitantes. também não entende porque a igreja católica não a reconhece. diz que a igreja prefere associá-la ao candomblé ou umbanda, pelo fato de Maria Bueno ter sido frequentadora da noite.


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